O antigo Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, deposto a 26 de novembro por um golpe militar, continua em deslocações sucessivas pela região.
Depois de uma passagem breve pelo Congo-Brazzaville, Embaló chegou este 3 de dezembro a Rabat, Marrocos, e manifesta agora a intenção de seguir para Portugal, segundo confirmou à Jeune Afrique.
Embaló havia deixado Dakar na noite de 29 de novembro, aterrando em Brazzaville para uma estadia discreta que não ultrapassou 48 horas. A deslocação para Marrocos surge num contexto de incerteza política na Guiné-Bissau e de esforços pessoais do ex-chefe de Estado para garantir segurança e apoio diplomático após a sua queda.
Fontes diplomáticas em Rabat apontam que Embaló optou pelo reino marroquino por considerá-lo um espaço seguro, estável e tradicionalmente ativo na mediação silenciosa de crises africanas. A escolha reflete também a proximidade que o ex-presidente mantém com a diplomacia marroquina desde o início do seu mandato.
A intenção de viajar para Portugal enquadra-se na relação histórica e institucional que Embaló cultivou com Lisboa ao longo dos últimos anos. Caso a deslocação se concretize, o ex-presidente poderá procurar contactos políticos, apoio internacional e margem para articular a sua posição perante a comunidade internacional, numa altura em que a Guiné-Bissau vive mais uma transição abrupta de poder.
Portugal tem mantido prudência em relação à crise guineense, evitando comentários que possam ser interpretados como alinhamento com qualquer das partes. Qualquer receção a Embaló será, por isso, politicamente sensível.
Enquanto Embaló circula pela região, Bissau continua sob controlo militar e num ambiente de indefinição. Os responsáveis pelo golpe justificaram a tomada do poder com alegadas falhas na governação e crescente tensão institucional.
Até agora, não há informação clara sobre o destino de alguns membros do governo deposto, as Forças Armadas controlam setores estratégicos e a CEDEAO continua sem uma posição pública firme, aguardando sinais de estabilidade interna antes de intervir.
A movimentação de Embaló por Senegal, Congo e Marrocos reflecte a amplitude da crise e os seus potenciais efeitos no oeste africano. Vários países seguem de perto o desenrolar dos acontecimentos, conscientes de que a instabilidade guineense tem histórico de repercussão no plano político, migratório e de segurança.
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