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Em Angola, todos querem ser melhores… mas poucos têm coragem de ser únicos – Correio da Kianda

Há uma mania moderna que anda a contaminar muita gente: a obsessão de ser melhor do que os outros. Melhor vizinho, melhor colega, melhor funcionário, melhor líder, melhor político, melhor influenciador, uma competição constante que transforma a vida num campeonato sem troféu. No nosso contexto angolano, onde a comparação virou quase um desporto nacional, do bairro ao local de trabalho, da igreja ao Facebook, esquecemos uma verdade simples: ninguém nasceu para ser melhor, cada pessoa nasceu para ser única.

A frase que acompanha o retrato do senhor na imagem lembra exactamente isso: “É preciso lembrar que cada pessoa é única entre tantas pessoas.” E essa lição encaixa perfeitamente na nossa realidade social, onde muitas vezes confundimos valor com disputa, talento com rivalidade e existência com competição.

Em Angola, crescemos a ouvir expressões como “tens que ser o melhor da turma”, “tens que provar que és melhor do que ele”, “não deixes ninguém passar por cima de ti”. A intenção, claro, é encorajar. Mas o efeito muitas vezes é o contrário: criamos adultos que medem a própria vida pela vida dos outros e que passam mais tempo a tentar superar alguém do que a descobrir aquilo que realmente os torna especiais.

Ser único, em Angola, é um acto de coragem.

É coragem porque, num país onde a multidão puxa sempre para a mesma direcção, quem decide ser diferente arrisca ser julgado, ridicularizado ou incompreendido. Veja-se a juventude empreendedora que insiste em criar soluções num mercado que ainda não acredita totalmente na criatividade local, ou os artistas que lutam por afirmar um estilo que não segue a corrente, ou ainda os profissionais que recusam a velha prática do “faz só assim porque sempre fizemos assim”. Estes não querem ser melhores, querem ser autênticos. E autenticidade, hoje, vale ouro.

A verdade é que o país precisa menos de “melhores” e mais de “únicos”.

Melhores criam competição.
Únicos criam contribuição.

O melhor quer subir sozinho.
O único abre espaço para que outros também cresçam.

O melhor é medido pelo aplauso.
O único é reconhecido pela marca que deixa.

E é isto que Angola precisa: pessoas que deixem marca, não rasto; pessoas que inspirem, não que disputem; pessoas que tragam diferença, não que repitam o que já existe.

No fundo, a vida é curta demais para vivermos como cópias numa multidão. Cada angolano, do mais simples trabalhador ao mais alto dirigente, tem algo que ninguém mais tem. Não é a força, não é o dinheiro, não é o cargo. É o que carrega dentro: a própria história, o próprio caminho, o próprio talento, o próprio modo de ser.

Por isso, nesta Angola que está a reinventar-se todos os dias, fica o lembrete:

Não tentes ser melhor do que ninguém.
Tenta ser o único que ninguém pode imitar.

E quando cada pessoa descobrir a sua própria unicidade, talvez finalmente percebamos que a grandeza de um país não está em competir, está em cada um ter coragem de ser quem realmente é.

Crédito: Link de origem

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