“Luanda pode enfrentar cenário catastrófico com chuvas acima de 100 milímetros”, alerta engenheiro hidráulico – Correio da Kianda
O engenheiro hidráulico Francisco Lopes lançou hoje, 9, um alerta sério sobre a vulnerabilidade da capital face ao aumento da intensidade das chuvas.
O especialista falava no programa Capital Central, da Rádio Correio da Kianda, durante o debate sobre “Consequências das chuvas em Luanda, desafios, responsabilidades e soluções”.
Segundo Francisco Lopes, as precipitações registadas recentemente em Luanda não ultrapassaram os 40 milímetros, mas mesmo assim provocaram danos significativos em vários bairros. “As nossas chuvas regulares raramente atingem 100 milímetros. Agora imagine se Luanda for atingida por uma tempestade com 150 ou 200 milímetros. Eu não sei o que vai acontecer com a cidade”, alertou.
O engenheiro considerou que, num cenário de chuva acima dos 100 milímetros, várias zonas ribeirinhas poderão enfrentar uma tragédia iminente. “A Praia do Bispo, a Marginal, a Quinanga, as Ilhas e até zonas como o Cacuaco vão viver momentos catastróficos”, avisou, sublinhando a necessidade urgente de retenção de águas pluviais nas áreas altas da província.
Na parte final da entrevista, confrontado com a pergunta sobre o que diria ao Governador de Luanda caso estivesse novamente frente a frente com ele, Francisco Lopes foi directo:
“Pedi ao Senhor Governador que criasse um gabinete técnico para receber contribuições de especialistas. O problema de Luanda não é apenas executar obras. O problema está no rácio, na lógica da planificação.”
Para o engenheiro, o saneamento básico deve estruturar o futuro, e não apenas responder às urgências do presente. “Precisamos pensar o que será de nós dentro de 50, 100, 200 ou 300 anos. O pensamento tem de começar hoje. Não precisamos executar tudo agora, mas precisamos definir uma visão e ir ajustando as obras ao longo do tempo”, defendeu.
Francisco Lopes criticou a prática de projectar e executar imediatamente sem uma estratégia de longo prazo. “Estamos a executar para hoje, não para amanhã”, concluiu, reforçando que Luanda precisa de planeamento técnico contínuo para evitar que uma forte tempestade venha a transformar partes da cidade em zonas de destruição.
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