RDC e Ruanda em busca de um acordo de paz: A que preço?
As tensões entre a República Democrática do Congo (RDC) e o Ruanda voltam ao centro das atenções internacionais à medida que os dois países avançam para novas negociações em Washington. A crise, longe de ser recente, tem raízes profundas que remontam a 1994, ano do genocídio do Ruanda — um trauma cujas consequências ainda moldam a política e a segurança em toda a Região dos Grandes Lagos.
Um conflito com origem no genocídio ruandês
Após o genocídio, no qual a população tutsi foi perseguida e massacrada por extremistas hutus, milhares de combatentes hutus atravessaram a fronteira e se instalaram no leste da RDC. De lá, formaram grupos armados como as FDLR (Forças Democráticas para a Libertação do Ruanda) designados no Ruanda por ex FAR (Forças Armadas do Ruanda), cuja presença continua a ser motivo de tensão. Kigali acusa a RDC de não desarmar essas milícias, que considera uma ameaça directa à minoria tutsi, tanto em território congolês quanto no próprio Ruanda.
Acusações cruzadas e interesses estratégicos
Do lado oposto, Kinshasa acusa o Ruanda de apoiar o grupo rebelde M23, activo sobretudo nas províncias de Kivu Norte, Kivu Sul e Ituri. Kigali alega que a intervenção visa proteger as comunidades tutsis congolesas e combater as FDLR/ex FAR. Entretanto, observadores internacionais apontam que o conflito também envolve controlo de áreas estratégicas ricas em minerais no caso o lago Kivu e o rio Ruzizi que fluem para o Sul, separando a RDC a Oeste e do Ruanda a leste, além de interesses políticos regionais. O resultado é um ciclo contínuo de violência contínua, deslocação massiva de civis e instabilidade duradoura. Estima-se que milhões de pessoas foram afetadas pela crise humanitária que se arrasta há décadas.
A série é composta por dez artigos que estão a ser publicados diariamente, no portal Correio da Kianda, de 12 a 21 de Dezembro de 2025, às 07:45.
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