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A utilidade pública da revista Prisma Económico, um novo título num mercado que ainda informa pouco – Correio da Kianda

O recente lançamento da revista Prisma Económico, do Grupo BAI, surge num contexto em que a oferta de jornalismo económico em Angola continua limitada e a literacia financeira permanece abaixo do necessário para que cidadãos, empresas e decisores possam interpretar com segurança os fenómenos que influenciam o seu quotidiano. 

A economia afecta desde o preço dos bens à evolução das taxas de juro, passando pelas condições de crédito, o comportamento cambial e as medidas de política pública. Ainda assim, grande parte da população acompanha estes temas com dificuldade, sobretudo pela predominância de conteúdos excessivamente técnicos ou centrados apenas na actualidade imediata.

Neste cenário, a entrada de mais um título especializado merece ser analisada a partir do seu potencial de utilidade pública. O Prisma Económico declara precisamente como objectivo aproximar o leitor de temas económicos e financeiros, oferecendo explicações claras, enquadramento e actualização contínua. Do ponto de vista informativo, é uma intenção positiva e necessária. A economia não é unidimensional, e traduzir fenómenos financeiros exige cruzamento de dados, análise consequente e capacidade de interpretar e comunicar de forma acessível impactos a curto, médio e longo prazo. A escolha do prisma como referência conceptual da revista indica esse compromisso de olhar para a economia através de vários ângulos, um elemento que falta frequentemente no debate público angolano.

Por outro lado, a aposta da publicação nos formatos físico e digitais, presença nas redes sociais e conteúdos multimédia acompanha uma tendência que se tornou indispensável. O consumo de informação migrou para plataformas online e o jornalismo económico deve adaptar-se se quiser alcançar públicos mais jovens e mais diversificados, criando desde cedo nas gerações mais novas uma cultura financeira sólida.

Tive contacto com a primeira edição da revista e constatei que o Prisma Económico apresenta conteúdos que atravessam temas institucionais, transformações digitais no sector financeiro e análises económicas. Não se trata de avaliar o mérito editorial a partir da origem corporativa da publicação, neste caso do BAI, mas de reconhecer que a existência de mais um espaço dedicado à interpretação económica pode contribuir para maior pluralidade num mercado ainda concentrado.

Para que uma publicação como o Prisma Económico tenha o impacto efectivo que se deseja, será determinante manter três linhas de actuação: primeiro, como referi, explicar conceitos essenciais de forma rigorosa sem recorrer a jargão desnecessário, segundo, garantir independência editorial e transparência na forma como trata os temas, para que a publicação seja vista como fonte de informação e não como extensão institucional, terceiro, assegurar continuidade editorial, condição crítica para criar hábitos de leitura e acompanhamento regular dos temas económicos.

A relevância da revista Prisma Económico e de todos os projectos jornalísticos, antigos ou novos, mede-se exactamente por essa consistência com que produz informação que sirva o leitor, contribua para decisões mais informadas e reduza a distância que ainda separa grande parte da população dos temas que moldam o presente e o futuro do país.

Por: Emílio José – Jornalista 

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