O escritor José Luís Mendonça disse, no último fim-de-semana, que a tradição oral é desconhecida do grande público angolano.
Foi no final da 17ª edição do Estórias do Embondeiro, no Centro de Ciência de Luanda, que o escritor José Luís Mendonça fez este pronunciamento, destacando o interesse cada vez mais notável das pessoas em presenciar os contos da tradição oral, pelo facto de ser desconhecida do grande público.
“As pessoas praticamente não conhecem a tradição oral, por ser algo que não é muito divulgada”, disse sublinhando ser um situação que se cem agravando nos últimos tempos, em que as pessoas “leem pouco”.
O também coordenador do projecto Estórias do Embondeiro, disse que os contos, recolhidos por etnólogo como Óscar Ribas, José Ardinha, entre outros, mas que não são divulgados e conhecidos, apesar de serem “incríveis”.
“Tirando os manuais escolares que têm uma ou duas estórias, há estórias incríveis que eu próprio – que leio muito – não conhecia. Vou pesquisando e encontro estórias”, disse.
O escritor acrescentou que o seu colega Miguel Lubalo, com quem partilhou palco na última edição do projecto, está a pesquisar nas províncias e está a trazer estórias incríveis, algumas das nunca tinha ouvido falar.
“São coisas que o nosso povo cria com a sua imaginação e o público está muito interessado, não só pela lição de moral, mas pela estória em si mesmo”, disse.
José Luís Mendonça destacou o facto de estarem presentes muitos estrangeiros a ouvir os contos, interessados em inteirar-se à alma do povo angolano que é trazida em casa uma das estórias que são contadas no projecto.
Na décima sétima edição do Estórias do Embondeiro no Centro de Ciência de Luanda, foram narrados contos como a Pasta, a Barba e o Coração e o Rio Infinito de escritório moçambicano Mia Couto. Ainda “A mulher e o Leão” e ” o pássaro e a Abelha” de narrativas da tradição oral intercaladas com provérbios em Línguas Nacionais.
O professor e estoriador Miguel Lubilo, que partilhou o palco com José Luís Mendonça, considerou o projecto Estórias do Embondeiro como um contributo para a construção da personalidade positiva da criança a partir de exemplos que cada conto traz.
“A educação deve ser feita com exemplos, e o conto acaba por ter sempre uma lição de moral que dirige e orienta o comportamento da pessoa que ouve o conto, para o bem. Quer dizer que ele terá dois pesos e duas medidas e em função do término do conto, o castigo ou a exaltação que se faz nele a criança opta pelo lado A ou o B, porque é o que conduz a comunidade para o bem.
Elma Sebastiana Pereira António é uma jovem que diz amar a leitura. O facto de raramente encontrar espaços que promovem a leitura a faz ser uma frequentadora assídua do Centro de Ciência de Luanda para ouvir os contos.
“Sempre que tenho oportunidade aproveito aparecer”, afirmou.
Julieta Alfredo, de 12 anos de idade, louvou a iniciativa por entender que vai permitir abrir a mente das crianças que presenciam cada edição do Estórias do Embondeiro.
“Essas estórias fazem as crianças terem sonhos e é muito bom as crianças sonharem”, afirmou, exortando os pais e encarregados a levar as suas crianças ao evento.
A sua irmã, Lukevana Alfredo de 11 anos de idade, disse que numa das estórias aprendeu a importância de valorizar os outros enquanto vivos.
“É muito boa, comove muita gente, pois ajuda as crianças também, incentiva as crianças a ouvirem estórias, a lerem livros, e ajuda-lhes a abrirem a mente e a terem mentes mais criativas”, finalizou.
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