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Morrer com dívidas: até quando vamos ignorar o planeamento funerário? – Correio da Kianda

A prática do actor Freeman de usar brincos de ouro como forma de garantir um enterro digno, mesmo em circunstâncias inesperadas, vai muito além de um gesto estético ou simbólico. Representa uma lição prática sobre a importância de se preparar financeiramente para o inevitável: a morte. Historicamente, os marinheiros recorriam a essa estratégia como um seguro pessoal, assegurando que, mesmo longe de casa, poderiam receber um sepultamento condigno. Esta abordagem, simples e eficaz, contém uma mensagem universal que ainda hoje encontra grande relevância em África, onde a morte continua envolta de tabus, superstições e silêncios culturais.

Em muitas sociedades africanas, falar sobre a morte é um tabu; o planeamento para o próprio funeral é frequentemente negligenciado ou postergado. Esta resistência cultural, embora compreensível, pode gerar consequências sérias: familiares despreparados enfrentam custos inesperados, decisões apressadas e, em alguns casos, constrangimentos sociais e financeiros. Por isso, a reflexão sobre o “investimento para a morte” não deve ser encarada como um tema mórbido ou pessimista, mas sim como uma atitude de responsabilidade, cuidado e previsibilidade.

Actualmente, o mercado africano já oferece soluções financeiras modernas que permitem transformar esta preparação em algo estruturado e acessível. Seguradoras e instituições financeiras apresentam planos de seguros de vida, seguros funerários e produtos de poupança específicos para custear rituais e serviços pós-vida, garantindo dignidade e protecção para os familiares. Estes mecanismos permitem que o investimento pessoal, antes simbólico ou improvisado, se torne numa estratégia concreta de protecção social e financeira.

Superar os tabus ligados à morte exige uma mudança de mentalidade: aceitar que o planeamento para o fim da vida é, na verdade, um acto de cuidado e amor. Tal como os marinheiros transformavam um simples brinco de ouro num seguro tangível, cada indivíduo pode adoptar mecanismos modernos que assegurem que a própria partida não se transforme em peso ou dificuldade para quem fica. O investimento para a morte, portanto, é também um investimento em tranquilidade, dignidade e continuidade familiar, devendo ser encarado como uma prática natural, inteligente e culturalmente valorizada.

Em última análise, preparar-se financeiramente para a morte é ultrapassar o medo do desconhecido e assumir responsabilidade pelo futuro dos entes queridos. É transformar o inevitável em algo planeado, digno e seguro, superando tabus, fortalecendo a cultura de prevenção e promovendo a consciência de que a vida, mesmo no seu término, merece ser encarada com sabedoria e respeito.

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